segunda-feira, 13 de julho de 2009

Saudade? Só amanhã

Minha necessidade é viril

Sou cosmo em meio ao sofismo Universal

Sou carne sem caminho

Sou fruto sem pedaço

Assassinado em plena luta por tentar ser imortal

Sou o resto e sou o rastro do meu simplório altruísmo

Sou o trago da conversa

E sou o rasgo colorido sem hóstia ou eufemismo

Sou mal-estar após o culto

E semblante equilibrado entre o sorriso e o insulto

Sou a farpa e sou o gole

Sou o prato e sou o pobre

Sou o fraco e sou o forte

Sou a prata e sou o cobre

Sou o mito encabulado e sou retrato manuscrito

Não sou dono do meu corpo

Nem meu trono é brasileiro

Não tenho pátria e nem destino

Sou pro meu mundo o mundo inteiro

Sou ditador e libertário

Sou outono em plena primavera

Não tenho cor e nem vontade de pisar em solo solitário

Sou o choro do ego de um poeta

Sou forasteiro em território inimigo

Sou o circo e o escritório

Sou o cadáver de um algoz recém-nascido

Sou semente germinando e fruta-podre

Sou descontraído e contraditório

Sou amanhã um novo hoje

E hoje uma suave revolução

Sou palhaço engravatado

Empresário com nariz pintado

E louco por vocação

Sou um mero caboclo maluco

Um mameluco confuso

Sou mistura de cafuzo com confusão

Sou o pão mastigado que o diabo amassou

E o que Cristo repartiu

Sou o pão e o vinho

Sou dono do corpo onde tudo isso se multiplicou

Já fui crucificado e até morto por engano

Sou preso a tudo, mas não me prendo a nada

Não me agarro a nenhuma bandeira

Sou minha própria preza e meu mais novo plano

Sou pro meu instante uma eternidade inteira

Sou criança mamando, aranha na teia e sou liberdade

Sou um pouco de tudo no eterno universo do nada

Sou o inferno na terra e o céu da cidade

Sou o peso do mundo nas costas de Deus

Sou uma infância perdida no binóculo do tempo

Sou inocência partindo vestida de adeus

Sou pureza e malandragem

Sou lembrança

Mas só amanhã eu serei saudade

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